São Desidério celebra 101 anos de tradição da Pegada do Mastro

Uma das festas mais primitivas de São Desidério, a Pegada do Mastro comemorou 101 anos de tradição no município e foi realizada no sábado, 02. A festa faz parte do calendário cultural, realizada pela Prefeitura de São Desidério por meio da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Lazer – SECULT e em parceria com os organizadores da Festa da Padroeira do município, Nossa Senhora Aparecida comemorado dia 19, e do Divino Espírito Santo, 20.

Este ano, segundo a organização, o evento contou com mais de 300 participantes que se dirigiram ao local conhecido como Cabeceira da Mamona, a 06 quilômetros da sede do município. É neste ambiente onde, no primeiro sábado de agosto são retiradas duas árvores com cerca de 15 metros de comprimento cada, que são reservadas. Um mês depois, no primeiro sábado de setembro, quando ocorre a Pegada do Mastro, essas árvores são trazidas pelos participantes até a cidade, onde são hasteadas com as bandeiras da Padroeira e do Divino, em frente à Igreja Matriz, durante os festejos religiosos.

Até a hora de retorno à cidade, na Cabeceira da Mamona, uma churrasqueira improvisada garantiu os petiscos dos foliões, além da tradicional farofa. Rodas de samba, formadas ao som de tambores e instrumentos rústicos deram o tom da festa. Por volta das 16 horas, o Imperador da Festa do Divino, Édem Samuel juntamente com organizadores, conduziram um momento de oração e um grande círculo foi formado pelos participantes. “Foi um evento muito bem organizado e pacífico. Muita gente, muita diversão, requisitos que fazem parte dessa tradição. Foi a primeira vez que participei e quero ajudar a cultivar essa identidade em nosso município que é bastante rico em manifestações culturais”, relatou Édem Samuel.

“Essa comemoração marca o início dos festejos religiosos de setembro em São Desidério. Uma tradição que em nosso município foi passada de geração em geração e que este ano ganhou força e teve grande número de participantes. Aqui em frente à Igreja Matriz, onde serão hasteados os mastros a praça está recebendo melhorias para reforçar a estética e conforto dos fiéis e participantes”, destacou o gestor Zé Carlos. “Tivemos grande participação do público este ano e cuidamos, juntamente com os capitães do mastro e organizadores da festa para dar todo apoio a esta tradição centenária no nosso município, para que se mantenha por mais tempo”, afirmou o secretário da SECULT, Josivaldo Oliveira.

No fim da tarde, foguetes anunciaram a chegada do cortejo à cidade e nas imediações da ponte da barragem muitas pessoas aguardavam os mastros. “Estou com quase 60 anos e desde quando comecei a andar participo dessa tradição que a cada ano evolui. Todos os anos quando se aproxima o dia, a gente arruma as ‘trouxas’ para subir para lá, onde animamos com as rodas de samba a tarde toda e só chegamos aqui à noite”, revelou o participante Leonildo Jesus, conhecido como Di do samba.

Homenagens – Nesta edição foram realizadas homenagens aos Capitães do Mastro já falecidos que foram precursores da festa e que contribuíram para preservar a tradição no município. Foram lembrados os capitães João Montalvão, Nelson, João Borola, Anacleto e Dazilão. No trajeto da Pegada do Mastro à sede foram feitas paradas obrigatórias em frente às casas dos familiares dos homenageados, onde realizadas mais rodas de samba. “Me sinto muito feliz em fazer parte dessa tradição que meu pai ajudou a manter no nosso município. Ele foi um dos capitães do mastro e quando era vivo sempre gostava de participar”, falou Gilmar Ferreira, filho do saudoso Anacleto.

Participação das mulheres – Durante muitos anos, a tradição foi marcada pela participação masculina. Com o tempo algumas mulheres começaram a participar, e nesta edição, pela primeira vez, o evento contou com a presença de um número expressivo de mulheres. “Convidei algumas amigas para vir comigo, fomos bem recebidas, fiquei feliz em encontrar outras mulheres que também vieram participar. Foi muito positivo, pude perceber o quanto o evento é animado, bem organizado, do cuidado da organização com os participantes e da preservação do meio ambiente, pois todo o lixo produzido é recolhido e levado. Adorei participar”, comentou a participante Ivanete de Jesus dos Santos.

Texto: Ana Lúcia Souza
Fotos: Arquivo SECULT/ Rodney Martins

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